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São Nuno de Santa Maria – o Novo Santo Português

O Condestável do rei de Portugal, o Comandante supremo do exército e seu guia vitorioso, o fundador e benfeitor da comunidade carmelita, ao entrar no convento recusa todos os privilégios e assume como própria a condição mais humilde, a de frade Donato, dedicando-se totalmente ao serviço do Senhor e dos pobres, nos quais reconhece o rosto de Jesus, sendo deveras marcante e significativo o dia da sua morte, domingo de Páscoa, 1 de Abril de 1431, quando o povo imediatamente o começa a considerar “santo” e começa a chamar-lhe “Santo Condestável”.
A descoberta em 1966 do lugar do túmulo primitivo reacendeu o desejo de ver o Beato Nuno proclamado em breve Santo da Igreja.
Ao fim de séculos, tendo sido levadas a cabo as respectivas investigações, o Santo Padre, Papa Bento XVI, durante o Consistório de 21 de Fevereiro de 2009 determina que o Beato Nuno seja inscrito no álbum dos Santos no dia 26 de Abril de 2009.

O Beato (Santo) Nuno Álvares Pereira

Nascido a 24 de Junho de 1360, Sernache do Bonjardim, era filho ilegítimo de Fr. Álvaro Gonçalves Pereira e de D. Iria Gonçalves do Carvalhal. Cerca de um ano após o seu nascimento o menino foi legitimado por decreto real, podendo assim receber a educação  típica dos filhos das famílias nobres do seu tempo. Aos treze anos torna-se pajem da rainha, sendo recebido na Corte e acabando por ser pouco depois cavaleiro. Aos dezasseis anos casa-se, por vontade de seu pai, com uma jovem e rica viúva, D. Leonor de Alvim. Da sua união nascem três filhos, dois do sexo masculino, que morrem em tenra idade, e uma do sexo feminino, Beatriz, a qual mais tarde viria a desposar o filho do rei D. João I, D. Afonso, primeiro duque de Bragança. Quando o rei D. Fernando I morreu a 22 de Outubro de 1383 sem ter deixado filhos varões, o seu irmão D. João, Mestre de Avis, viu-se envolvido na luta pela coroa lusitana, que lhe era disputada pelo rei de Castela por ter desposado a filha do falecido rei. Nuno tomou o partido de D. João, o qual o nomeou Condestável, isto é, Comandante supremo do exército. Nuno conduziu o exército português repetidas vezes à vitória, até se ter consagrado na batalha de Aljubarrota (14 de Agosto de 1385), a qual acaba por determinar a resolução do conflito. Os seus dotes militares eram no entanto acompanhados por uma espiritualidade sincera e profunda. O estandarte que elegeu como insígnia pessoal traz as imagens do Crucificado, de Maria e dos cavaleiros S. Tiago e S. Jorge. Fez ainda construir às suas próprias custas numerosas igrejas e mosteiros, entre os quais se contam o Carmo de Lisboa e a Igreja de S. Maria da Vitória, na Batalha.
Com a morte da esposa, em 1387, recusa contrair novas núpcias, tornando-se um modelo de pureza de vida e quando finalmente se alcançou a paz, abandona as armas e o poder e distribui grande parte dos seus bens entre os seus companheiros, antigos combatentes e em 1423 decide entrar no convento carmelita por ele fundado, tomando então o nome de frei Nuno de Santa Maria, dedicando-se a pedir esmola em favor do convento e sobretudo dos pobres, aos quais sempre assistiu e serviu, nunca voltando as costas a um pedido, tendo mesmo organizado a distribuição quotidiana de alimentos. (excertos da página Santos e Beatoswww.vaticano.va )
Ao assistir hoje, via televisão, às solenes cerimónias no Vaticano, culminando com a inscrição do oitavo santo português, São Nuno de Santa Maria no “Álbum dos Santos”, neste papado de Bento XVI (interessante esta coincidência de ter sido também outro papa do mesmo nome, Bento XV que concluiu o processo para o reconhecimento do culto do Beato Nuno “desde tempos imemoriais”, no dia 23 de Dezembro de 1918), não podemos ficar indiferentes ao nos depararmos com estes exemplos de vida, embora passada em tempos remotos, por isso quão mais difícil e exigente seria a angariação dos meios de subsistência para as gentes do povo… Quantos viveram fazendo o bem, sem esperar por honrarias nem reconhecimentos, mas S. Nuno de Santa Maria, vê ser-lhe reconhecida pela Igreja Católica, ao fim de 578 (quinhentos e setenta e oito anos) a sua santidade de vida, aquela que o povo generoso e agradecido já lhe havia testemunhado em 1 de Abril de 1431, quando o começou a eternizar sob o título de “Santo Condestável”.
Formas de vida míticas, utópicas, de outros tempos? É verdade, mas devem merecer-nos alguns momentos de reflexão, porque esta, de S. Nuno de Santa Maria, foi uma vida que realmente aconteceu.

  

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